O que Deus Criou no Terceiro dia da Criação? | O que Deus Fez no Terceiro Dia?

O que Deus criou no terceiro dia da criação? No terceiro dia Deus criou os mares e fez aparecer a terra seca. Deus também criou a erva verde, as sementes, as árvores, os frutos, ou seja, Gênesis 1:9-13 resume o dia em que o Eterno criou todos os tipo de vegetais.

E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.
E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.

E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi.

E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.

E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.
Gênesis 1:9-13

Segundo o texto bíblico acima, no terceiro dia Deus criou:

  1. Os mares e os oceanos;
  2. Os lagos, rios, riachos e, cataratas, cachoeiras, quedas d’água e lagoas;
  3. As fontes naturais de água;
  4. As praias, as planícies, planaltos e montanhas;
  5. A falésias, vales, e serras;
  6. As cordilheiras e os vulcões;
  7. O serrado, e a caatinga;
  8. Os manguezais, as restingas, araucárias, e mata atlântica;
  9. Os milhares de hortaliças, verduras e legumes e árvores frutíferas.

O terceiro dia

Conforme falamos no estudo bíblico sobre o segundo dia da criação, notamos que o Eterno, naquela ocasião não disse a frase que aparece relacionada com a constatação da perfeição das outras obras de suas mãos, “e viu Deus que era bom.”

Entretanto, o Gênesis traz por duas vezes, no terceiro dia, essa mesma constatação que faltou ao dia anterior. No verso 1:10, “e viu Deus que era bom”; e novamente no verso 1:12, repetindo “e viu Deus que era bom”.

Os Judeus da época do segundo Templo (tempo de Jesus e dos Apóstolos), entendiam essas duas constatações “que era bom”, como uma forma de benção especial para o terceiro dia da criação. E por isso, eles procuravam se casar no terceiro dia.

O Novo Testamento mostra que essa era uma prática viva, e tradicional, quando relata que ao terceiro dia houve umas bodas em Caná da Galileia:

E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus.
João 2:1

Ajuntem-se as águas

O terceiro dia começa com o Eterno ajuntando as águas em um só lugar. Esse ajuntamento se deu no original, em Hebraico, com a palavra יִקָּווּ  “ykkavú”, que é o verbo “fluir”, no modo volitivo (expressa vontade) do verbo, chamado de “jussivo”.

O jussivo do Hebraico, geralmente é uma expressão de um comando indireto sobre uma terceira pessoa. Não chega a ser uma ordem expressa como no modo imperativo, mas talvez reflita uma forma educada de se falar, e que pode representar até mesmo um benefício.

Na entrega dos dez mandamentos, no Êxodo 20, o texto também emprega uma linguagem semelhante, educada, que foi chamada pelos hebraístas de “linguagem da Lei”.

E a gramática aqui do Gênesis, vai nos ajudar a entender essa passagem, para além do físico e superficial, pois os mares, na Bíblia, representam os povos do mundo, as nações gentílicas.

O Eterno permitiu a existência das nações, e a conclusão do texto é que “viu Deus que era bom”, logo após ser descrito que a terra seca apareceu. O termo “terra” em Hebraico é o substantivo אֶרֶץ “éretz”, que até hoje é usado pelos Judeus para se referir ao seu país, a terra de Israel.

Com o “ajuntamento das águas”, isto é com o aparecimento das nações, o Eterno também faz com que surgisse a Israel. Essa é mais uma das profecias que estavam “escondidas”, ocultas nas entrelinhas do Gênesis.

Deus chamou Israel e as nações, cada qual com suas missões específicas. Judeus e Gentios/Cristãos, já estavam nos planos do Eterno, desde a fundação do mundo.

Chamou mares

וַיִּקְרָא אֱלֹהִים לַיַּבָּשָׁה אֶרֶץ וּלְמִקְוֵה הַמַּיִם קָרָא יַמִּים וַיַּרְא אֱלֹהִים כִּי־טוֹב׃

É interessante notar que com o “ajuntamento das águas”/”nações”, surgiu a “terra”/”Israel”. O termo usado para a palavra “ajuntamento”, em Hebraico é o substantivo מִקְוֶה “miqveh”, que significa “coleção/esperança”.

Um outro uso para “miqveh” é o nome dado aos tanques de purificação com água (tanque de Bestesda, e Siloé), que deu origem aos tanques de batismo usados pelos Apóstolos e posteriormente pelas Igrejas Cristãs.

Era mais uma profecia do Gênesis, de que por meio do batismo, muitas águas (muitos gentios), iriam se tornar em Israel, ajuntando-se à terra prometida que um dia descerá de Deus, do céu.

É muito significativo o verbo usado em Gênesis 1:10, “e chamou”. Em Hebraico é o termo וַיִּקְרָא “vayikra”, que também significa “um convite/um chamado”, e que inclusive é o nome do livro de Levítico, que trata das leis sacerdotais.

Como o versículo 1:10 diz, o Eterno “chamou” a terra, e “chamou os mares”, significando que há um chamado para ambos, Judeus e Cristãos, para formarem juntos o povo de Deus, um povo sacerdotal.

Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?
Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada.
Romanos 9:24,25

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;

Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.
1 Pedro 2:9,10

Árvore frutífera

Quando prosseguimos na leitura do que Deus fez no terceiro dia, vemos que após o “chamado”, a partir do verso 1: 11-12, o Eterno criou árvores frutíferas. Isso nos ensina que depois do chamado a árvore tem que dar fruto.

Segundo a linguagem do Novo Testamento, árvores simbolizam pessoas. George Lamsa, no livro Old Testament Light, notou que nas línguas semíticas (como o Hebraico), árvores são alegorias para seres humanos.

E abrindo um parênteses aqui, só para complementar a relação entre “homens e plantas” nas línguas bíblicas:

  1. Árvores simbolizam pessoas;
  2. Vinhas simbolizam nações (Israel é chamado de vinha em Isaías 5:1 e Mateus 21:33); e
  3. Cedros simbolizam reis.

Assim, nós “somos as árvores” na simbologia do Gênesis, e se nos mantivermos segundo os mandamentos do Eterno, daremos fruto no tempo certo.

Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.
Salmos 1:3

Os frutos são as boas obras, as nossas ações no dia a dia. Não pense que os frutos são apenas as tarefas que um Cristão desempenha como suas atividades na Igreja.

As suas ações informais, da forma como você reage aos problemas e desafios cotidianos, e como trata as pessoas, mesmo seus superiores ou subordinados, são considerados seus frutos. O modo como trata sua família, esposa e filhos também.

Responder ao “chamado” divino, apenas com aparência, é se colocar como a figueira seca, que tendo uma folhagem verde fora do tempo, tinha aparência de que possuía fruto (pois a figueira primeiro apresenta as folhas como sinal de que já tem fruto).

Mas chegando Jesus até ela, nada encontrou. Essa é mais uma profecia do Gênesis, que a árvore tem que produzir seus frutos no tempo certo.

E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.
Lucas 3:9

Bibliografia:

  • Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida;
  • Tanach – Gênesis em Hebraico – Bíblia Hebraica Stuttgartensia, BHS, Códice de Leningrado.
  • DICIONARIO-BIBLICO-STRONG-Hebraico-Aramaico-Grego-James-STRONG
  • Old Testament Light – George Lamsa

Sobre o autor | Website

ישראל סילבה Casado com Ana Paula Curty, papai da Sarah Curty, cursou hebraico bíblico, geografia da terra de Israel, e o contexto judaico do Novo Testamento, é especialista em estudos da Bíblia Hebraica, certificado pelo Israel Institute of Biblical Studies; e Apocalipsismo judaico, pela Keets alMayim.

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1 Comentário

  1. Victor disse:

    Graça e Paz de Jesus Cristo! Eu estou maravilhado com tanta sabedoria e conhecimento! É sério, estou impactado! Muito obrigado por se permitirem ser um instrumento nas mãos do Eterno! Parabéns e sigam em frente nesta missão, pois estava sedento e encontrei água cristalina aqui! Deus os abençoe muitíssimo!!